quarta-feira, 4 de maio de 2011

Por que existe o mal?


Vivemos em um mundo no qual o mal parece ser gratuito e incessante. O soldado que sangra, a criança aleijada, a mulher velha na aldeia devastada ou o refém morto não são abstrações, mas pessoas que realmente sofrem. Seu propósito é fazer com que o outro (ou um grupo de pessoas) sinta a dor física, além de mental e espiritual. Falamos do mal como algo que nos é feito; mas deve ser visto como algo que também o fazemos; nenhum de nós tem uma vida isenta de mal e não vivemos sem praticá-lo. A maldade é a insensatez; destruir e não construir, rasgar e não costurar, cortar e não unir; é o aniquilamento, a posse que não oferece nada em troca; é ser deliberadamente rancoroso.
O estudo do mal mostra que historicamente é uma manifestação do divino, ou seja, uma parte da divindade que será absorvida quando for integrada; será integrada quando for plenamente reconhecida e compreendida, não com a repressão, mas com a destruição consciente dos elementos malignos que reconhecemos em nós mesmos.
Geralmente é associada à personificação do diabo e por isso parte integral de Deus, pois nasceu Dele; mas por que a divindade praticaria ou o permitiria? Qualquer tentativa de responder a esta pergunta é uma justificação dos caminhos de Deus para com o mundo. Em Isaias 45-7 lê-se: "eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; sou o Senhor que faço todas estas coisas".
O mal atinge todos os lugares, todos os tempos e a vida dos indivíduos; ninguém está ausente do mal, pois é cósmico. De acordo com Platão, ele consiste na falta de perfeição; tenho para mim que o mal pode ser associado ao atalho, pois tudo que é bom é difícil.
O diabo é sempre o príncipe dos males humanos. O próprio Pedro é chamado de Satã quando tenta o Cristo a se desviar do caminho que está determinado para a cruz. Cristo chama Pedro de diabo por tentar evitar sua paixão e Judas por tê-la provocado. Não é uma figura exótica ou fora de moda, ao contrário; está bem vivo no sofrimento do mundo de hoje. Mesmo quando esses males acabar haverá outros, depois outros ainda, todos eles em uma injustificada imposição de sofrimento que exige de nós sua atenção, pois o mal gosta de plateia.
A história do mal e do diabo são sombrias e qualquer visão do mundo que não leve em conta ou negue o horror existente do mal é ilusória.
(Texto baseado na leitura do livro O diabo, de Jeffrey Burton Russel, Ed. Serie Somma)

Beijos

Jane Valery

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